Perco-me pelas ruas frias da noite de São Paulo, caminhando em calçadas que não me levam a lugar algum, por esquinas que se esquivam do meu olhar, buscando a solidão que habita o concreto, quero me misturar a ela, unir minha solidão à solidão dessa cidade sem alma. Minha solidão anseia por outra, amante insegura que precisa do outro para se sentir humana. Vim a São Paulo à procura do que eu sabia que não estaria aqui, do que talvez não esteja em nenhum lugar, que se esconde em becos sujos da alma, recantos podres e pestilentos, dos quais eu guardo distância, minha sanidade depende disso.
Talvez eu quisesse sofrer a rejeição que me levasse de volta ao pedaço da mim que pulsa em silêncio, onde estão os sentimentos de abandono e de perda, de ressentimento. Neurose estúpida, ela diz. Sim, eu respondo, isso tudo está no que é mais íntimo e singular em mim mesmo, voo solitário ao fundo do que nunca vai me abandonar: minha infância.
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