sexta-feira, 3 de julho de 2009

Notícias de um país distante

Comandante-em-chefe há seis anos, líder moral da pátria, governando no ar fresco dos seus estratosféricos 80% de aprovação, o presidente pode muito. Do olimpo no qual ele fala, fala, fala... a nação escuta atentamente. E assimila. E concorda. E, assim, deixa-se guiar. Ao som das arengas presidenciais em favor dos corruptos, avançamos mesmerizados rumo ao triunfo da impunidade, num marchar lento porém inexorável. A memória do país não resiste à avalanche de escândalos, envolvendo deputados ou senadores, alguns obscuros, a maioria velhos conhecidos, que se sucedem sem parar na revelação de malfeitorias, desvios, abusos, ilegalidades – sempre episódios com nomes diferentes que soam iguais, em casos tão díspares que, ao final, assemelham-se estranhamente entre si. No tempo do ciclo de notícias sem descanso da internet, não há leitor atento ou cidadão preocupado que consiga fazer sentido de tamanho volume de informações: mal se sabe qual é o escândalo político do momento. Ao fundo, reverbera constantemente a voz rouca do presidente, defendendo algum desses senhores – entra dia, sai dia, entra dia, sai dia. A corrupção acaba vencendo pela exaustão. Nesse ambiente de fastio ético, qualquer fagulha de indignação extingue-se rapidamente, apagada pela descoberta imediata de algum novo escândalo, um mais insólito do que o outro.

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