segunda-feira, 6 de julho de 2009

Noite branca

Ergo a cabeça, meus olhos procuram conforto no colchão da noite, engano, percebo, é o brilho da lua cheia que me encontra, a música esvazia-se na luz branca, esqueço os sons de ausência que reverberam violentamente pelo chão, incomodando a tranquilidade negra de Brasília, lá está ela, digo em silêncio, lá está ela. Permaneço imóvel, sustentando o olhar da lua, a luz da lua branca arranca a memória que tenho dela, que tenho que esconder de mim. É inútil, diz ela, eu estou aqui, você está aqui, a noite nos trouxe aqui, não há fuga na noite, ela prossegue, não há sequer luta. A noite está branca, eu arrisco, sim, ela concede, é por isso que estou aqui. Minhas memórias vivem no escuro, digo, é por isso que você voltou. Eu nunca fui embora, ela diz, rindo, passeando os dedos pelos cabelos, sorriso verde de luz. Fecho os olhos e a luz se extingue. A noite retorna, trazendo de volta o frio e o barulho, não as pessoas, as pessoas não estão mais aqui, só ela e a nossa escuridão estão aqui.

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