terça-feira, 8 de setembro de 2009

As luzes de Nova York

Ele saltou ligeiro do vagão, sem saber onde descera nem qual saída tomaria. Caminhava depressa no vazio dos túneis subterrâneos, talvez na esperança de que seus passos acompanhassem seus pensamentos. Finalmente subiu, saltando as escadas estreitas num estranho compasso pendular, estabelecido pela livre interpretação das notas que Coltrane lhe gritava ao máximo volume. A cidade assomou à sua frente, e com ela o bloco de calor cinza que o verão depositava naquelas ruas. Surgiram pessoas. Nas ruas de Nova York, as pessoas não eram pessoas; eram obstáculos móveis entre um ponto e outro dos caminhos que constituíam o tempo de uma cidade em eterna fuga de si mesma. Não havia dúvida: era ali o melhor lugar do mundo para se perder sem saber disso. Ele divisou as luzes de Nova York à sua volta, quarteirões elevando-se em raios verdes, azuis, amarelos, vermelhos, roxos, brancos, laranjas, e mais algumas cores com certeza, um corredor polonês de letreiros em neon ou algo do tipo. Foi então que ele avistou a luz vermelha para pedestres e decidiu que chegara a hora de parar. Ele desligou o iPod, retirou lentamente os fones do ouvido e olhou para frente, concentrando-se na espera da luz branca que eventualmente apareceria, ela sempre aparecia, indicando a permissão para seguir caminho.

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